quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sobre o Bolsa Família

                      Também tinha a visão de que essas bolsas apenas eram meio de vida de muitos e porque não, da maioria, até me aproximar da saúde pública e estudá-la no mestrado e no doutorado, até sair da minha cadeira almofadada e do ar condicionado que a Faculdade Pública me oferecia, até sair da minha casa que tem geladeira cheia e conhecer , de fato o que é a miséria e a pobreza (e só em RP- uma das cidades com menor taxa de vulnerabilidade social do país)...conheço quase todas as favelas da cidade, becos que jamais imaginei, vi geladeiras vazias, crianças quase peladas num frio em que eu mesma vestia umas 3 blusas. Os pais dessas crianças mal tinham dentes na boca e pude imaginar que seria também o destino dos filhos. Os pais dessas crianças catavam comida do lixo, catavam recicláveis nas ruas e pasmem, recebiam o Bolsa Família que pra quem não tinha nada, já era alguma coisa. Então, conheci pessoas que seguiam suas vidas trabalhando (de maneira mais que informal) e mesmo assim ganhavam Bolsa Família. Um tapa na cara de uma mocinha de classe média que não tinha tanto luxo assim, mas vivia muito bem e até ao exterior já tinha viajado quando fez 15 anos. 
                       Aprendi que, é muito fácil julgar a maioria por atitude de alguns, que se aproveitam nada honrosamente disso, que realmente existem. Que é muito fácil se incomodar com o que antes era miserável e hoje está muito mais próximo de você, da sua classe social. Fiscalização tem que ter sim, mas rotular TODOS de vagabundos é exageradamente preconceituoso pra quem tem mesa farta e o que vestir quando faz frio.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

DEPENDE: NA CONTRAMÃO DAS COISAS

Publicado no Jornal O Guaíra em 09-05-13

Por Maria Eugenia Firmino Brunello


Mesmo com a impressão de que tudo está indo rápido demais, resquícios de séculos atrás ainda parecem entraves imóveis para a sociedade atual. Muito se avançou no conhecimento das coisas, porém, ainda nos desentendemos por assuntos tão antigos. O “estacionar” de ideias e pontos de vista tornam-se verdadeiros empecilhos para o progresso social.
Vemo-nos em meio a discussões e conflitos religiosos que ainda são estopim de guerras pelo mundo e vem ficando cada vez mais explícito no Brasil, tão conhecido, até então, como o lugar onde todos se aceitam e convivem bem. Balela? Acredito que sim. As discussões religiosas no país laico (segundo a constituição), atualmente, extrapolam os muros de igrejas e salões para arraigar campanhas políticas e ditaduras comportamentais. Já devíamos ter superado isso? Acho que sim, também.
O mesmo Filho de Deus que expulsou do Templo os comerciantes (não estou inventando, está na bíblia) piraria se presenciasse o que anda acontecendo dentro de estabelecimentos “santos” e que usam Sua palavra para atrair fiéis.
O mesmo “in-progresso” se percebe quando o assunto é meio-ambiente. Os mesmos governos que hoje levantam a bandeira da sustentabilidade incentivam, por exemplo, a compra de carros em detrimento ao transporte público, a fim de incentivar o consumo e favorecer a indústria. Ora, mas que preocupação é essa que sobrepõe o econômico ao sustentável? Difícil compreender tal lógica “verde” de proteção e exploração do meio de forma mais racional.
Já no setor de questões sociais, a impressão de andar pra trás é bem mais nítida. Hoje em dia, por exemplo, ficamos presos em casa, protegidos por grades, cercas elétricas e câmeras de segurança, enquanto a lei permite que condenados por crimes recebam como prêmio de “bom comportamento”, a liberdade (chamada indulto) em datas comemorativas!
Como não acreditar na “involução” social, governamental e judicial quando nos deparamos com presídios lotados sendo construídos por toda parte e escolas com alta taxa de evasão, sem professores e investimentos? Como acreditar no discernimento humano se o “quadradinho agora é de 8”?!
São muitas perguntas sem resposta, além dessas destacadas aqui, outras tantas. O fato é que ainda não superamos algumas coisas, não deixamos de evoluir, mas sim, evitamos refletir, aceitar, tolerar e a última pergunta que fica é: será que demoramos mais pra evoluir cultural e moralmente ou realmente estamos indo na contramão das coisas?  

quinta-feira, 9 de maio de 2013

NA CONTRAMÃO DAS COISAS

Publicado no Jornal O Guaíra em 09-05-13

Por Maria Eugenia Firmino Brunello


Mesmo com a impressão de que tudo está indo rápido demais, resquícios de séculos atrás ainda parecem entraves imóveis para a sociedade atual. Muito se avançou no conhecimento das coisas, porém, ainda nos desentendemos por assuntos tão antigos. O “estacionar” de ideias e pontos de vista tornam-se verdadeiros empecilhos para o progresso social.
Vemo-nos em meio a discussões e conflitos religiosos que ainda são estopim de guerras pelo mundo e vem ficando cada vez mais explícito no Brasil, tão conhecido, até então, como o lugar onde todos se aceitam e convivem bem. Balela? Acredito que sim. As discussões religiosas no país laico (segundo a constituição), atualmente, extrapolam os muros de igrejas e salões para arraigar campanhas políticas e ditaduras comportamentais. Já devíamos ter superado isso? Acho que sim, também.
O mesmo Filho de Deus que expulsou do Templo os comerciantes (não estou inventando, está na bíblia) piraria se presenciasse o que anda acontecendo dentro de estabelecimentos “santos” e que usam Sua palavra para atrair fiéis.
O mesmo “in-progresso” se percebe quando o assunto é meio-ambiente. Os mesmos governos que hoje levantam a bandeira da sustentabilidade incentivam, por exemplo, a compra de carros em detrimento ao transporte público, a fim de incentivar o consumo e favorecer a indústria. Ora, mas que preocupação é essa que sobrepõe o econômico ao sustentável? Difícil compreender tal lógica “verde” de proteção e exploração do meio de forma mais racional.
Já no setor de questões sociais, a impressão de andar pra trás é bem mais nítida. Hoje em dia, por exemplo, ficamos presos em casa, protegidos por grades, cercas elétricas e câmeras de segurança, enquanto a lei permite que condenados por crimes recebam como prêmio de “bom comportamento”, a liberdade (chamada indulto) em datas comemorativas!
Como não acreditar na “involução” social, governamental e judicial quando nos deparamos com presídios lotados sendo construídos por toda parte e escolas com alta taxa de evasão, sem professores e investimentos? Como acreditar no discernimento humano se o “quadradinho agora é de 8”?!
São muitas perguntas sem resposta, além dessas destacadas aqui, outras tantas. O fato é que ainda não superamos algumas coisas, não deixamos de evoluir, mas sim, evitamos refletir, aceitar, tolerar e a última pergunta que fica é: será que demoramos mais pra evoluir cultural e moralmente ou realmente estamos indo na contramão das coisas?